Bateu uma vontade de remecher nas suas coisas. Não suas, minhas. Digo, as coisas que você me deu ao longo desses anos. A caixa denominada "Things and Stuff Box", não é grande, nem nova, nem tão pouco atraente. Mas tem conteúdo. Ah sim, centenas de coisas, milhares. Eu diria até MILHÕES. Tá, podem não ser milhões fisicamente falando. Seria um tanto estranho, já que eu disse que ela "não é grande". Tem tudo. Cartas, muitas delas, MUITAS, convites, papeis, bilhetes, meias, copos, óculos, mais cartas, tudo. Tem um pouco de você lá dentro. Não só de você, de vários outros também. Mas não como os seus. Às vezes tenho receio de pegá-la. Ou será medo? Reviver momentos, todos eles, sempre é bom. Ótimo. Pena que a carga emocional é grande, não? Afinal, um pedacinho de nota fiscal rasgada pode ser muito pesado. Do ponto de vista sentimental, é claro. Não que ele seja pesado, não, não. Ele é bem leve. Tão sutil. Tão simples. E a caixa ainda está lá. Parada. Estática. Empoeirada. Desleixo? Não, poeira vai muito além de "você teve preguiça e não limpou sua caixa". Ela, de uma forma irônica, revela que a caixa é antiga, pesada. Eterna. Como tudo de dentro. Acho que ela vive suja, só pra poder ser lavada com as lágrimas de felicidade plena. Pilantra essa caixa. Ela reclama que está cheia, mas SEMPRE dá espaço pra mais alguma coisa. Ela nunca vai fechar. E nem quero. Não, nunca. Pra que sempre caiba tudo. Todos. Você. Acho que ela quer voltar pro seu lugar. Agora que está limpa, pode descansar por mais um longo tempo. Até o dia que eu queria reviver tudo novamente. Com TODOS novamente. Com você, intensamente.
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